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domingo, 30 de maio de 2010

Aflição pode ser fornalha

Fornalha. O que é fornalha? Ora, fornalha é um grande forno. O aumentativo de forno. Forno que serve para expurgo de metais. Há em São Paulo desses fornos onde o metal é purificado. Ali o metal sofre tamanha caloria que se desprende dele a escória, a impureza. O processo é simples: o cadinho purificador leva o metal ao fogo, onde, recebendo a caloria o metal vai sendo purificado. Quanto mais caloria, mais puro, mais brilhante. Agora vamos ao texto: “Eis que te purifiquei, mas não como a prata: provei-te na fornalha da aflição” (Isa 48:10). Então, Deus prova os seus filhos? Prova, porque deseja de cada um uma vida nova. Somos purificados por Ele. “Eis que te purifiquei...” Ele se vale do crisol para nos purificar. Os meios que Ele usa são muitos; a aflição é um deles. Já houve quem disse: “antes de ser afligido, andava errado...” (salmos 119:67). Em momentos de aflição se busca mais ao Senhor. Em tempos de aflição temos o coração voltado para Deus, mas, por que temos de ser purificados? Porque para Deus somos prata!!!! E é mister que a prata, que somos nos, seja branca e brilhante. De valor inestimável. Quanto mais branca e brilhante, mais valor tem. Branco: pureza. “Sem santidade ninguém verá o Senhor”, é a assertiva bíblica. O Senhor Deus está levando a criação para um propósito definido. O que chamados de Providência. A Providência trabalha com denodo para manter e governar a criação, levando-a até o alvo: participante da santidade divina. A aflição pode ser fornalha conquanto que participemos da santidade de Deus. Porque participando dela veremos a Deus: “...para nosso proveito, para sermos participantes da Sua santidade” (Hb 12:10). Assim que, como a prata que sendo levada ao forno fica purificada: mais branca, mais brilhante, assim Deus deseja que agente também fique. Ninguém deve reclamar ou replicar contra a aflição, seja como for, ela vem para o nosso bem. Não que o escritor seja do tipo masoquista: que cultiva o prazer de sofrer. Não. É que a purificação vem por meio da aflição. A aflição serve de crisol para Deus por nós. E não nos esqueçamos que diante de Deus somente há dois elementos purificadores: o sangue e o fogo. Quem não quer ser purificado pelo sangue, terá de ser purificado pelo fogo. Então, nos submetamos ao tratamento divino: provei-te na fornalha da aflição.

Obs. Hoje vivemos depois do Calvário então, o sangue de Jesus nos purifica de todo o pecado. Ao tempo em que esta escritura foi escrita, ou seja, antes do Calvário, vivia-se crendo na purificação só pelo fogo. Hoje não. Temos Jesus que nos purifica. Temos o sangue de Jesus que nos purifica.

domingo, 23 de maio de 2010

Deus: Luz e Sombra

O apóstolo João assim escreve: “E esta é a mensagem que dele ouvimos e vos anunciamos: Deus é luz, e não há nEle trevas nenhumas” (I Jo 1:5). A primeira coisa que percebemos é que é uma mensagem. Diz o texto: “esta é a mensagem”. Aqui nos é dada três características de Deus: três que só pertencem a Deus. Não estamos dizendo que seja uma luz ou que seja a luz; mas, Deus é luz. E não há nele trevas nenhumas. Não simplesmente um atributo. Deus é luz! Diz o texto sagrado. Luz que ilumina, luz incandescente, que propaga, que brilha. É o teor da luz.
A primeira característica que João dá-nos de Deus é: Deus é espírito, está no evangelho (João 4:24); A segunda, Deus é amor (I Jo 4:8) e Deus é luz (trecho em pauta). Isto para que conheçamos a Deus. No passado, negavam-se o conhecimento de Deus. Eram os adeptos do agnosticismo. Sem conhecimento de Deus. Para o povo do tempo de Moisés, Deus é um fogo. Mas as propriedades do fogo são outras: o fogo consome. O fogo queima; o fogo ilumina sim, mas, destrói – Deus é luz.
Quando é que Deus é sombra? O salmista assim ora: “Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia de mim, ó Deus, porque a minha alma confia em ti; e à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades” (salmos 57:1). Ele diz: “à sombra das tuas asas me abrigo”. Que lugar mais acolhedor! Jesus, certa vez, assim disse: “Jerusalém, Jerusalém, que matas profetas e apedrejas os que são te enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos como a galhinha ajunta os teus pintos debaixo das asas e tu não quiseste!” (Mt 23:37). Sombra é refúgio: um foco de luz quando interceptado por algo, produz a sombra. Sombra que acolhe.
O salmo 91, as palavras são diferentes, mas o sentido é o mesmo: “aquele que habita no esconderijo do Altíssimo à sombra do onipotente descansará” (salmo 91:1)
Não adianta uma luz para iluminar; se não há uma sombra para acolher. Em outras palavras: não adianta conhecer Deus, através da iluminação divina, e não poder esconder-se nEle. Deus é sombra que acolhe. Todos devem ocultar-se em Deus. Ter conhecimento de Deus é bom, mas é preciso reconhecer Deus como uma sombra acolhedora.
Ocultar-se em Deus é fazer vida com Ele. Como disse Jesus: “se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós...” isto é vida com Deus. Através de Cristo conseguimos reconhecer Deus que é luz e sombra. LUZ que ilumina e SOMBRA que acolhe.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Quem está perdido?

Só é perdido quem está perdido? É o que veremos no exercício das três parábolas que nosso Senhor Jesus Cristo nos propôs. Primeiro, a parábola da ovelha. O Senhor pergunta: “que homem dentre voz tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la?”(Lucas 15:4). O pastor deixa noventa e nove para ir em busca de uma! A ovelha é diferente de outros animais; não sabe voltar ao aprisco. Falta-lhe o que há de sobra no gato, no cão... etc. exemplo: se soltarmos um gato longe de sua residência: assim mesmo ele saberá voltar; pois é dotado de um instinto perceptível. Ele consegue localizar-se. Num depoimento de um pastor de ovelha soubemos que ela ao desgarrar-se toma sentido oposto ao do aprisco; ou seja, desejando voltar, vai para mais longe e perde-se. Daí a necessidade de um pastor ir em busca. Nosso Pastor está no encalço da ovelha: deu sua vida por ela. “Eu sou o Bom Pastor; o Bom pastor dá a Sua vida pelas ovelhas” (João 10:11).

Segundo, a parábola da dracma perdida “ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligencia até a achar?” (Lucas 15:8). Aqui o pecador é comparado a uma dracma. Dracma é uma moeda em que mesmo ao tempo em que foi proposta a parábola não tinha valor. Era uma moeda fora de circulação. A mulher tinha dez dracmas, quem sabe fosse uma coleção. Há, ainda hoje, colecionadores de dinheiro antigo, fora de circulação. Perdendo-se uma a coleção ficaria incompleta. O que ela faz? – acende a candeia e varre a casa. O que quer dizer que dentro de uma casa, comunidade, igreja ... alguém pode estar perdido. É mister que se providencie a procura. Acender a candeia para ter conhecimento claro da perda e melhor visão dela. Varrer a casa para revolver toda a sujeira, tudo que vem a impedir a localização da dracma, então perdida.

Terceiro, a parábola do filho prodigo. Pródigo sim, mas filho. “um certo homem tinha dois filhos; e o mais moço deles disse ao pai: Pai dá-me a parte da Fazenda que me pertence” (Lucas 15:11,12). Decide esbanjar o que ele crera ser seu. Não era dele, pois sabemos que a herança só se passa para os filhos quando o pai falece. Também não trabalhara para conseguir a fortuna. Mas, mesmo assim disse: “dá-me a parte da Fazenda que me pertence” e o pai lho concedeu. Logo vai para uma terra longínqua e ali desperdiça tudo. Na pior maneira. Quando se vê sem nada, dá-se pelo fato de que precisa trabalhar; pois, senão como iria viver? O pior emprego é o que ele consegue: cuidar de porcos. No chiqueiro ele disputa com eles a comida. Aqui o exemplo não é menos comum: o pródigo representa o pecador que, desviando-se da presença divina, cai na compulsória e começa uma vida sinistra. Quem sabe um delinqüente. Um libertino. Um degenerado. Na pocilga. No lodaçal. Na lama. Não como ovelha; a ovelha não gosta de lama. No caso da ovelha, o pastor a busca. Nesse caso não. Ele espera como o Pai na parábola. Espera ansioso a volta do filho. Requer-se arrependido. Pois só o arrependimento o trará de volta. E quando volta há festa. Festa por um pecador que se arrepende. Nosso Senhor disse que há festa no céu.

Queres arrepender-se?

Obs. Arrepender-se é ‘metánoia’, isto é, meia volta. Alguém que está indo numa direção converge cento e oitenta graus.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Rico Insensato

A Bíblia nos conta que um homem muito rico, ficara ainda mais rico, quando sua herdade tinha produzido com abundância deixando-o até sem saber onde armazenar tantos recursos. Com o acontecido logo diz à sua alma: “alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, e folga” (Lucas 12:19). Mas Deus lhe disse: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado para quem será?” (Lucas 12:20). O que o Senhor Jesus quer ensinar-nos não é que devamos ser pobres e mendigos. Não! Ser rico é benção de Deus! Não que ser pobre não o seja: mas a riqueza é um dom divino. Deus dá a quem Ele quer. Então, onde está o erro desse rico insensato? Errou porque disse: “alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, e folga”, eis o grande e fatal erro. A alma não pode satisfazer-se com bens materiais. A alma só pode sentir-se satisfeita com as cousas espirituais. Ela veio de Deus; só satisfaz-se com Deus. A alma não precisa de muito dinheiro, nem de carros luxuosos, nem de casas grã-finas e mansões... ela só se sente realizada em Deus. Ele disse: “alma, descansa...” vejamos como pode a alma descansar. O salmo 91 assevera “aquele que habita no esconderijo do Altíssimo à sombra do Onipotente descansará”. Só à sombra do Onipotente a alma descansa! Ele disse: “alma, come ‘a alma não come alimentos produzidos pela terra; ela só se alimenta de pão espiritual, Jesus disse: “Eu sou o pão da vida” (João 6:35) eis o alimento da alma, Pão do céu. Pão de Deus. Ele disse: “alma, bebe” não sabia ele que para dessedentar a alma é preciso ir a fonte certa, fonte da água da vida. Certa feita Jesus estava diante de uma mulher e pediu-lhe água para beber, e ela não o quis dar lançando-lhe em rosto “como sendo tu judeu me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?” aqui a água era para dessedentar o físico mas Jesus mostra-lhe uma água ainda mais preciosa: “se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz – dá-me de beber, tu lhe pedirias, e Ele te daria água viva” (João 4:10). Água viva, eis a água com a qual a alma pode saciar-se, só com Jesus. E ele disse quem de mim bebe, nunca terá sede!

Disse o rico: “alma, folga”. Insensato!!! Com que pode a alma folgar? A alma não pode folgar a não ser na presença de Deus. Muitos afastados, equilibrados financeiramente são os que menos podem folgar. Muita vez são levados aos suicídios, ao refugio das drogas, a pornografia, as orgias... nada disso pode folgar, satisfazer a alma do homem. “Deleita-te também no Senhor, e Ele te concederá o que deseja o teu coração” (salmo 37:4).

A peroração do texto assim descreve: “assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus” (Lucas 12:21).

Sejamos ricos para com Deus, buscando Sua presença, buscando nEle o descanso, o pão, a água, e nEle folgamos, pois só Ele através de Seu Filho, Jesus Cristo, satisfaz a alma do homem. “Que farei?” foi a pergunta inicial do rico. Só que ele fez errado. Teria feito certo se buscasse em Deus a Sua presença para a sua alma.

Obs. Hoje somos muito materialistas, só pensamos em aquisição material, quando o TUDO não é assim; é apenas parte do TUDO.

Deus é TUDO em todos.

domingo, 2 de maio de 2010

Júpiter e Mercúrio

Estranho encontro, aqueles dos apóstolos ali em Icônio. Fizeram como de costume, entraram na sinagoga e começaram a pregar. E a Bíblia nos fala que eles ‘falaram de tal modo’ que creu uma grande multidão, não só de judeus, mas de gregos (ato 14:1). Os judeus que nunca conseguiram tanto, logo ficaram furiosos. A cidade se dividiu em dois grupos: os prós e os contra. E com a confusão foi preciso que eles fugissem para outro lugar. Teria sido covardia? Não. Instinto. Instinto de conservação. Todo ser humano gosta de preservar a vida! Afinal estavam começando a carreira e tinham muito a fazer. Chegaram a Listra e Derbe, cidades da Licaônia. Ali novamente pregaram o evangelho. Logo se deram pelo conhecimento de um varão coxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado. Paulo, um homem como poucos, fixando nele os olhos, e vendo que tinha fé para ser curado, disse em voz alta: ‘levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou’ (atos 14:9,10). Com o milagre a multidão levantou sua voz dizendo com língua licaônica: fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós. Havia como lenda entre os licaônicos que seu rei sendo visitado por Júpiter e querendo provar a sua divindade fê-lo comer a carne de uma criança que ele havia sacrificado. Júpiter deu-se pelo fato de que a carne era de gente e então indignado com o caso transformou o rei em um lobo metamorfoseou o rei em um lobo. Essa lenda era muito conhecida deles. Havia também a crença de que os deuses visitavam os homens, então Júpiter teria visitado o rei. Bem, agora o caso é curioso: a multidão alegrara-se com o milagre operado e logo quis sacrificar aos dois como sendo a Paulo; Mecúrio e a Barnabé; Júpiter. Pelo simples; sabia-se que Júpiter falava pouco e quando visitava a terra, trazia consigo um orador. Segundo a lenda Júpiter pouco falava e não ouvia. Sabia-se isto tanto na mitologia grega quanto na romana. Então, Paulo, era para eles Mercúrio: o que falava muito. Paulo, senão falava bem, eloqüente, era um loquaz. E Barnabé era um homem de porte nobre. Falando pouco, mas dando uma impressão circunspecta.

Devemos saber que a língua licaônica era um grego de difícil entendimento. Cheio de modalidades e por isso demorou para os servos do Senhor perceber que eles o cultuariam.
À porta da cidade, do lado de fora, havia um tempo dedicado a Júpiter. Mas, porque à porta da cidade e do lado de fora da cidade? Para proteger a cidade.
Os sacerdotes logo foram buscar no templo touros e grinaldas para o sacrifício. Os apóstolos não aceitaram. E se não repeliram com azedume, pelo menos com muita objetividade: ‘varões, por que fazeis essas coisas?’, disse isso saltando para o meio da multidão, tendo rasgado os seus vestidos (atos 14:15). Começou dizendo que aquilo era vaidade. E eles eram homens iguais a qualquer um deles. E que eles deveriam converter-se aos Deus vivo; pois aquilo era para um deus morto. A repulsa foi grande: Deus dá liberdade aos homens. O texto nos diz que com dificuldade conseguiram impedir o que queriam. E quando conseguiram a multidão resolveu apedrejá-los. Vejam que a multidão queria fazê-los deuses e depois os apedrejam. É a psicologia das multidões. A quem confie na opinião pública. A opinião pública é o que há de mais volúvel. A mesma multidão que clamava ‘Hosana nas alturas’ ao Rei Jesus pouco depois grita, vocifera: ‘crucifica-o, crucifica-o’.
Bem, eles foram coagidos por uns que vieram de Antioquia e Icônio, onde estiveram os apóstolos e de lá foram expulsos. E, ao final de tudo, arrastaram a Paulo para fora da cidade, cuidando que ele estava morto. Assim era a pregação do evangelho: difícil. Muito difícil, arriscando a própria vida, muitas vezes. Mas, assim mesmo era pregado o evangelho. Graças a Deus por Paulo. Homem de fé. Homem de coragem.

Que possamos pregar o evangelho mesmo sem essas limitações.