Estranho encontro, aquele dos apóstolos ali em Icônio. Fizeram como de costume, entraram na sinagoga e começaram a pregar. E a Bíblia nos fala que eles ‘falaram de tal modo’ que creu uma grande multidão, não só de judeus, mas de gregos (ato 14:1). Os judeus que nunca conseguiram tanto, logo ficaram furiosos. A cidade se dividiu em dois grupos: os prós e os contra. E com a confusão foi preciso que eles fugissem para outro lugar. Teria sido covardia? Não. Instinto. Instinto de conservação. Todo ser humano gosta de preservar a vida! Afinal estavam começando a carreira e tinham muito a fazer. Chegaram a Listra e Derbe, cidades da Licaônia. Ali novamente pregaram o evangelho. Logo se deram pelo conhecimento de um varão coxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado. Paulo, um homem como poucos, fixando nele os olhos, e vendo que tinha fé para ser curado, disse em voz alta: ‘levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou’ (atos 14:9,10). Com o milagre a multidão levantou sua voz dizendo com língua licaônica: fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós. Havia como lenda entre os licaônicos que seu rei sendo visitado por Júpiter e querendo provar a sua divindade fê-lo comer a carne de uma criança que ele havia sacrificado. Júpiter deu-se pelo fato de que a carne era de gente e então indignado com o caso transformou o rei em um lobo metamorfoseou o rei em um lobo. Essa lenda era muito conhecida deles. Havia também a crença de que os deuses visitavam os homens, então Júpiter teria visitado o rei. Bem, agora o caso é curioso: a multidão alegrara-se com o milagre operado e logo quis sacrificar aos dois como sendo a Paulo; Mecúrio e a Barnabé; Júpiter. Pelo simples; sabia-se que Júpiter falava pouco e quando visitava a terra, trazia consigo um orador. Segundo a lenda Júpiter pouco falava e não ouvia. Sabia-se isto tanto na mitologia grega quanto na romana. Então, Paulo, era para eles Mercúrio: o que falava muito. Paulo, senão falava bem, eloqüente, era um loquaz. E Barnabé era um homem de porte nobre. Falando pouco, mas dando uma impressão circunspecta.
Devemos saber que a língua licaônica era um grego de difícil entendimento. Cheio de modalidades e por isso demorou para os servos do Senhor perceber que eles o cultuariam.
À porta da cidade, do lado de fora, havia um tempo dedicado a Júpiter. Mas, porque à porta da cidade e do lado de fora da cidade? Para proteger a cidade.
Os sacerdotes logo foram buscar no templo touros e grinaldas para o sacrifício. Os apóstolos não aceitaram. E se não repeliram com azedume, pelo menos com muita objetividade: ‘varões, por que fazeis essas coisas?’, disse isso saltando para o meio da multidão, tendo rasgado os seus vestidos (atos 14:15). Começou dizendo que aquilo era vaidade. E eles eram homens iguais a qualquer um deles. E que eles deveriam converter-se aos Deus vivo; pois aquilo era para um deus morto. A repulsa foi grande: Deus dá liberdade aos homens. O texto nos diz que com dificuldade conseguiram impedir o que queriam. E quando conseguiram a multidão resolveu apedrejá-los. Vejam que a multidão queria fazê-los deuses e depois os apedrejam. É a psicologia das multidões. Há quem confie na opinião pública. A opinião pública é o que há de mais volúvel. A mesma multidão que clamava ‘Hosana nas alturas’ ao Rei Jesus pouco depois grita, vocifera: ‘crucifica-o, crucifica-o’.
Bem, eles foram coagidos por uns que vieram de Antioquia e Icônio, onde estiveram os apóstolos e de lá foram expulsos. E, ao final de tudo, arrastaram a Paulo para fora da cidade, cuidando que ele estava morto. Assim era a pregação do evangelho: difícil. Muito difícil, arriscando a própria vida, muitas vezes. Mas, assim mesmo era pregado o evangelho. Graças a Deus por Paulo. Homem de fé. Homem de coragem.
Que possamos pregar o evangelho mesmo sem essas limitações.