Ele havia desmoralizado o pai, havia
desmoralizado a família; havia desmoralizado os de sua cidade...
O ato que fez foi de muita vexação:
como se tivera dado um tapa na cara de seu pai, em presença de todos. Um ato
vexatório, sem precedentes na história da família. “Pai, dá-me a parte da
fazenda que me pertence que eu vou me embora. Dá-me o que é meu porque eu já estou
indo!” Ele não trabalhara para adquirir o que ele estava pedindo, pedindo não, ele
estava exigindo. O pai divide pelos dois filhos a herança.
O pai, um patriarca antigo cujo
respeito era obtido de todos, agora passa por essa vexação. Dias depois ele, o
filho mais novo, sai de sua casa rumo a uma cidade distante. Deixa a casa
paterna para viver dissolutamente longe do lar. Assim muitos já fizeram,
deixaram a casa dos pais para viver distante deles. O desejo era viver livre de
qualquer intromissão do pai, viver ao seu bel prazer. Viver sem que ninguém soubesse
de como ele estava vivendo.
Nessa liberdade se vê só, sem auxílio
de quem quer que seja; e nessa situação se vê sem nada, tendo perdido tudo. E,
diante da fome, precisa de emprego e não encontra, se não um de cuidar de porcos,
uma humilhação jamais vista; pois para um judeu é a pior coisa que podia
acontecer. Com fome, resolve disputar com os porcos a comida e ninguém lhe dava
nada! Assim é o que acontece com todo aquele que deixa a casa paterna e se vai
pelo mundo afora. Passa fome, vida apartada de Deus é vida de fome terrível e
de morte espiritual.
No momento, esse jovem cai em si e
diz: “quantos empregados de meu pai tem abundância de pão e eu aqui passando
fome, levantar-me-ei e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei pai, pequei contra o
céu e perante ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; faz-me como um de
seus empregados.” Que decisão sábia: voltar para casa. Essa é a mais sábia
decisão a ser tomada.
Volta para casa; em casa do pai há
abundância de pão. O pai sabia que um dia o filho voltaria; e nunca deixou de o
esperar. Todos os dias ficava a contemplar a estrada para ver concretizada a
sua esperança de vê-lo de volta. Um dia esse pai, certo de que o filho
voltaria, vê em andrajos um ser vindo em sua direção. Esse pai amoroso corre em
direção desse filho. Lembremos de que ele era um patriarca e usava roupas
compridas, e para correr precisava levantar essas roupas, deixando assim aparecerem
suas pernas, coisa não comum pois os patriarcas das famílias nunca mostravam
suas pernas, então teve de passar vergonha mais uma vez, agora para receber o filho
de volta ao lar.
Você não precisa voltar ao lar, se não
quiser pode continuar a disputar com os porcos a comida. Mas, o pai o espera,
volte e seja feliz de novo em sua casa.