Era um rapaz exemplar. No dizer bíblico, um mancebo de qualidade. A vida desse moço, equilibrada. Estritamente religioso e sobretudo rico. Um argentário. Um guardaplatas. Estimando Mamona: deusa do ouro. Contudo lhe faltava alguma coisa: “Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?” (Mt. 19:16). Uma prova que era religioso; quando Cristo perguntou-lhe se guardava os mandamentos, ele respondeu: “Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade.” (Mt. 19:20). Um jovem circunspecto. Sóbrio. Comedido.
Então nosso Senhor que sonda os corações vai direto onde é preciso. O Senhor sabia que ele tinha o coração posto nas riquezas. “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos céus e vem e segue-me.” (Mt. 19:21). Que prova dura para ele! Não, isto não dá para fazer, pensou ele, e retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.
Com o ocorrido nosso Mestre faz uma parábola: “É mais fácil passar um camelo pelo fundo duma agulha do que entrar um rico no reino dos céus.” (Mt 19: 24). Ele falou isso dirigindo aos seus discípulos que logo ficaram intrigados. Passar um camelo pelo fundo duma agulha é quase impossível. Vejamos: nas cidades antigas, que eram muradas, havia pequenas portas nos cantos dos muros que mal dariam para passar uma pessoa. Às vezes a porta da cidade sendo muito grande e pesada, havia então uma portinhola; porque assim a grande permaneceria fechada e só se passaria pela pequena que é a chamada fundo de agulha. Ademais, fundo de agulha era um adágio. Um provérbio popular, usado na época. O que causou espanto nos discípulos foi o fato de ser difícil um rico entrar no reino de Deus. Porque para os judeus rico era abençoado de Deus. Riqueza significa benção divina. Pobre era como se fosse amaldiçoado. Rico seria favorito de Deus.
Se rico sendo favorito de Deus era difícil entrar no reino dos céus, quanto mais pobre!!!
Agora a assertiva bíblica pronunciada por Jesus: “Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.” (Mt. 19:26) . Então a salvação é pelo poder de Deus. Ninguém é salvo por ser pobre. Ninguém é salvo por ser rico. Isto porque ninguém pode salvar-se. A salvação é obra da Graça. Salvação é uma graça subjetiva: Deus por nós. O homem não é salvo porque quer. Quando o homem se dispõe a buscar a salvação, já é a Graça atuando nele. Pois a Graça toca em três mundos do homem; isto é, o homem dividido em três mundos: o mundo intelectivo. O mundo sentimental. O mundo volitivo. Pela inteligência ele sabe de Deus, e com a vontade, ele aproxima–se de Deus. Tudo isso o homem não consegue por si só, mas pelo poder de Deus, pois só Deus pode.
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